Biomassa contida nos Resíduos Sólidos Urbanos
29/02/2016
Os lixões são depósitos a céu aberto onde não há controle de chorume, poluente de elevada DBO. Perde-se ainda o gás metano gerado na fermentação, de elevado potencial de aquecimento global. Nesses depósitos, há ainda problemas decorrentes da presença de animais como ratos - que representam perigos à saúde - e urubus - que constituem risco às aeronaves, quando os depósitos se localizam próximos a aeroportos.
Existem iniciativas bem-sucedidas na reciclagem de materiais como latas de alumínio e vidros, mas a destinação da matéria orgânica permanece, em geral, uma questão mal equacionada.
Os RSU no Brasil são ricos em matéria orgânica - cerca de 50% a 60% - o que ofereceria oportunidades importantes na geração de energia e na compostagem, em vez da solução geralmente aceita, que é a disposição em aterros sanitários. Em países desenvolvidos, as diretrizes são opostas, pois o Landfill Directive da União Européia (UE) já recomendava a redução drástica do envio de materiais biodegradáveis para aterros sanitários até o ano de 2006, com o objetivo de erradicar totalmente o aterramento desses materiais. Na UE, a potência instalada a partir de RSU em 2000 era de 8.800 MW (8.8 GW).
Se considerado o valor mais conservativo, teríamos 82 mil ton/dia de matéria orgânica no RSU. Se considerada a possibilidade de fermentação anaeróbia, tem-se a geração de 350 a 500 m3 de gás metano/ton, o que complementaria a demanda brasileira por gás combustível, do qual a principal fonte é o gás natural, com inconveniente dependência de fornecedores externos, além de se tratar de um recurso não-renovável.
Outra possibilidade é a incineração direta do resíduo, que gera um mínimo de 0,4 MW/ton. Se consideradas as 82 mil ton/dia, obter-se-ia uma potência de 1,36 GW. Desse modo, a incineração é um processo mais eficiente do que a geração por fermentação anaeróbia, mas apresenta o desafio de remoção de poluentes orgânicos persistentes (POP), objeto da Convenção de Estocolmo. Essa remoção é tecnicamente viável com a adoção de sistemas de tratamento de gases eficientes, com a possibilidade de conversão catalítica de poluentes.
Biomassa do esgotamento sanitário.
Segundo estudo do IBGE publicado em 2000, no ano de 1989 apenas 47,3% dos municípios brasileiros dispunham de esgotamento sanitário. Onze anos mais tarde, a situação não melhorou muito: 52,2% dispondo desses serviços. Em geral, quanto maior a população do município, maior a proporção de domicílios atendidos. As diferenças regionais são marcantes: apenas 7,1% dos municípios da região Sudeste não dispõem desse serviço, diante de 92,9% dos municípios da região Norte.
Se a cobertura do serviço é reduzida e o tratamento pouco abrangente, a situação se agrava quanto à destinação final. Dos municípios que dispõem de esgotamento, um terço tratam esse efluente, ao passo que a maioria (dois-terços) despejam o material in natura no meio ambiente - geralmente em rios -provocando impactos ambientais negativos já bem conhecidos.
Ainda segundo o IBGE, o volume total de esgotos no Brasil atinge 14,5 milhões de m3/dia, o que resulta em 5,2 bilhões de m3/ano. Se essas informações forem cruzadas com dados qualitativos de Pereira Lima e Oliveira, o teor médio de sólidos no esgotamento sanitário é 0,1%, dos quais 70% são de matéria orgânica (m.o.). Se considerada uma densidade de 0,8, o resultado é um total de 2,9 milhões ton m.o./ano.
Fonte: Biomassa BR
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